segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Ser

Ser poeta
É deixar-se conduzir pela vida
e pelos recantos límpidos da alma.
Deixar-se guiar pelo vento
que sopra na nuca.
Permitir-se sofrer para escrever,
Fazer da dor solo fértil pra a semente da poesia florescer.
Ser poeta é fazer decantação,
É olhar longe,
Fingir que não conhece o que conhece.
Desconhecer um passado distante,
Mas ainda próximo...

PS: Poesia que compõe o segundo volume da coletânea de poesias Aluno Produtor de Poemas, da E.E. José Joaquim Bittencourt.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Felizes para sempre


E eis que numa madrugada quente,
Chega-me a inspiração.
Trazida pelo vento e pela chuva
Que vem para molhar a terra,
A inspiração vem tornar meu peito fértil.
Nele germina a semente da poesia,
Regada pela paixão involuntária
E alimentada pelos nutrientes fortes
De algo que ficou no sonhar e no sentir.
Quero que essa semente se torne árvore,
Ainda que à custa de dor,
E dê sombra à casais apaixonados,
Que ao contrário de mim,
Vivem felizes para sempre. 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Exaltação à Vida


Ah, a Vida!
É um extremo momento de declínio do ser,
É uma constante exaltação da humanidade.
É uma sequencia interminável de paixões,
De encantos e desencantos, de segredos,
De fatos inimagináveis mesmo ao ser constituído
Da mais sublime sabedoria.

Ah, a Vida!
É uma certeza inexistente daquilo que existe.
Encerra em si,
O mais valioso tesouro, que só compra
Aquilo que não se vende.
Ela é dom interminável e incompensável!

Ah, a Vida!
Tão infame,
Tão desgraçada,
Tão esquisita.
Tão deliciosa de ser vivida,
Tão desejada no cotidiano do mundo.

A nossa vida!
Vale de lágrimas frente ao jardim das delícias.
Vivida única e exclusivamente para um determinado fim:
Amar,
Ser amor,
Doar-se na cô(ós)mica dança da Vida.

domingo, 14 de outubro de 2012

Vergonha


Quanto quisera eu ter coragem
De dizer tudo o que entalado na minha garganta,
Desce com a cerveja que bebo.

Como sofro em ter medo
De perder algo que com toda a certeza já tenho,
Mas que não me permito perder.

Maldita seja essa vergonha,
Essa barreira intransponível , separatista
Que derruba meus desejos ao chão.

Tristeza isso que me faz mal
E de mim faz um espantalho antissocial
Que sofre silencioso, sem nada revelar.
Se permitir apaixonar,
é ter a coragem de se permitir sofrer
sem ao menos que o(a) outro(a) saiba
que é o objeto da Paixão!!

sábado, 6 de outubro de 2012

Dias de Verão



Quando ouvir o doce sussurro de tua voz
E sentir o leve perfume amadeirado,
Emanado de tua pele,
Perder-me-ei no encantado sonho
De viver junto de ti,
Até que meu último suspiro me deixe.
Porém, se me for possível sair
Do encantamento e de fato viver contigo
Num canto qualquer,
Num lugar qualquer,
Longe de tudo,
Onde se ouça unicamente
Meu coração batendo (por ti)
E minha respiração ofegante
Por estar ao teu lado,
Perdido contigo no encantado
Mundo que podemos chamar de nosso.
Mundo este, repleto de sentimento
E cumplicidade,
Onde de madrugada cante o galo,
Cante o bem-te-vi,
Cante o canário,
E nos levantemos lentamente,
Tocando com os pés ainda quentes
A frieza do chão que nos sustenta
E nos sentarmos á mesa,
Coberta com biscoitos,
Leite,
Café,
Pão,
Bolo,
Frutas frescas
E decorada com flores silvestres.
Depois descer até a cachoeira
E ouvir o gregoriano
Nas vozes das águas monjas,
Castas e rezadeiras,
E sentir em nossos rostos
O orvalho partido da queda d’água
E envolvendo-nos na mística dança cósmica
E no bailado incessante de tudo o que existe.
Abraçar-te,
Beijar-te,
Fazer-te feliz
E ser feliz também.
Então caminhar entre as árvores,
Sentir pulsar a batida vital da mata verde
E meu coração acompanhando o ritmo
Da batida.
Ouvir o caminhar lento de nossos pés
A estalar folhas secas e sementes no chão.
Decodificar o misterioso que ronda-nos
E se encontra em nós mesmos.
Tomar-te nos braços,
Conduzir-te e me deixar ser conduzido
No baile selvagem e escuro.
Ao som dos selvagens animais,
Realizar o ritual mágico
Impulsionado pelo pulsar
Da paixão avassaladora.
Então tomar martelo e cinzel e na mais dura
Pedra de mármore esculpir-te,
Pelo único e inestimável prazer,
De ver-te e contemplar-te,
E no mais duro trabalho que já fui encarregado,
Reproduzir a perfeição de teu rosto,
Ainda que tenha de recomeçar trezentas vezes
Para assim eternizar o semblante belo
E passível daquela que me arrebatou e levou-me
Ao delírio com um simples olhar.
Passar a tarde a alimentar-me unicamente
Do prazer de tua presença,
E nascendo a lua,
Voltar para casa,
Montar uma fogueira,
Tomar vinho e violão e no mais puro
Surto de poesia e de inspiração trazidos por ti,
Criar a canção mais bela e inimaginável,
Para louvar a ti,
Deusa possessa.
No alto, a branca lua,
Na terra, vozes melodiosas
A embalar nossa noite de paixão
E no sereno matutino,
Batizar-nos em nome do amor.
Assim viver contigo,
Enquanto se passam os segundos,
Os minutos,
As horas,
Os dias,
Os meses,
Os anos,
Até perder-te e unicamente restar-me
Tua imagem de pedra no meio do nosso
Bosque sagrado
E lá passar meus últimos dias
A contemplar teu rosto eternizado,
Com o coração sangrando pela saudade
E no marejar dos olhos,
A lembrança dos dias de verão passados
Na mais perfeita conexão contigo.
E quando não restar-me mais nada,
Me entregar livremente em teus braços
E deixar-me desintegrar,
Voltar a ser a poeira cósmica
Que era no inicio.
Mas tua imagem de pedra,
Ainda lá,
Firme perante os séculos,
Testemunha de uma paixão imortal,
Incompreensível e irreprimível. 

domingo, 29 de julho de 2012

Perda

És a primeira coisa
Que me alegro em perder.
Quanto mais te perco,
mais sinto que te ganho!